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O século das dependências

Tenho começado a crer que podemos nos viciar em quase qualquer coisa. Esse não tem sido chamado, por alguns especialistas, apenas o século dos adoecimentos mentais, mas também o século das dependências. Viktor Frankl ressalta que a pessoa quando percebe-se dependente de algo vive um pronfundo vazio existencial. Estamos todos nesse barco, sentindo esse profundo vazio de nossa existência, e tendendo às compulsões?

Em meus atendimentos tenho observado vários tipos de vícios: das drogas ilícitas, às drogas licitas, por compras, vício por comida, vício por açúcar, vício por jogos, em sexo, vícios por masturbação, e por pornogr4fia (ou ambas), também tenho encontrado viciados em internet, e em outras tecnologias, e, pelo que temos falado aqui também, viciados em relacionamentos, ou dependente afetivo. Existem outros.

Quando explico sobre vícios, é importante ter em mente que existem características, ou critérios diagnósticos, que irão determinar se uma pessoa é dependente ou não de determinada coisa. No caso de substância química, que é o mais estudado, a pessoa tem que apresentar alguns critérios, dois comuns em demais dependências são: intolerância- aumento da necessidade da substância para conseguir seus efeitos; abstinência: sensação de incomodo subjetivo, e/ou incômodo físico (ansiedade, palpitações, stress, depressão, etc) quando sem a substância.

Resumidamente, o vício age super estimulando o seu sistema de recompensa- áreas responsáveis principalmente por motivação e prazer. No caso de pessoas dependentes afetivas podemos notar algumas características que são semelhantes aos adictos de substância, ou de outros vícios: um aumento da necessidade da outra pessoa (em alguns casos, essa necessidade é vista aumentada mesmo quando o relacionamento é abusivo); a ausência do (a) parceiro (a) produz efeitos de abstinência; a sensação/pensamento de que não conseguiria terminar o relacionamento; um investimento para estar com a pessoa, a qualquer custo; devido ao relacionamento há a diminuição de interesse por outras atividades em sua vida (o relacionamento se torna a coisa central); apesar das consequências, a pessoa segue alimentando a ideia de necessidade da relação. É importante entender que todo vício é desenvolvido- dificilmente uma pessoa de repente está viciada, é um processo gradativo o qual a pessoa vai desenvolvendo a dependência.

É preciso que tomemos cuidados com tudo que age em nosso sistema de recompensa, principalmente quando essas coisas tendem tem probabilidade de fazer-nos dependentes, e que podem trazer inúmeros danos. Se você tem vivido alguma dessas dificuldades citadas, procura ajuda profissional. É possível viver uma vida mais leve e digna. Uma vida com sentido vale a pena ser vivida.